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20/10/2017
Este post é assinado por: Rafael Cruz
TEXTO DO DIA
TEXTO BÍBLICO
INTRODUÇÃO
Segundo o dicionário podemos definir pobre como: aquele que é desprovido ou mal provido do necessário; de poucas posses; que não tem recursos próprios. Na etimologia da palavra temos que ‘pobre’ veio do latim pauper, radicado em paucus, pouco. No conceito original, pobre não é quem tem pouco, mas quem produz pouco.
Para fins de pesquisa e dados analíticos, é necessário conceituar quem é considerado pobre. No Brasil temos dois critérios que nos norteiam:
Agora que sabemos a definição para a classe de pessoas pobres, podemos verificar que mais da metade da população brasileira é pobre.
De acordo com o Dicionário bíblico Wycliffe temos a seguinte explicação para o pobre na Bíblia:
A palavra hebraica ‘ebyon’, que é muitas vezes um paralelo a ‘ara’, significa “aflito, angustiado, desamparado, necessitado”, isto é, alguém que foi maltratado ou está sofrendo algum problema social. A palavra hebraica ‘dal’ significa “fraco, instável, magro”, isto é, alguém empobrecido ou de meios reduzidos, mas não necessariamente pobre, alguém que não tenha nenhuma propriedade. O termo hebraico ‘rush’ significa “ser pobre, empobrecido, ou passar necessidades”, e seu cognato ‘rish’ou ‘re’sh’ da claramente a ideia de pobreza. A LXX usou a palavra penes, e o NT usa ‘ptochos’, que significa “pobre, miserável, impotente, mendigo”.
Por diversas vezes vemos na Bíblia o cuidado de Deus para os pobres: As antigas leis israelitas protegiam os pobres dos encargos criminosos dos usurários (que faz empréstimos com usura; agiota).
As extremidades dos campos não deveriam ser colhidas, e as vinhas não deveriam ser totalmente colhidas, para que tivesse algo para os necessitados.
Deus sempre esteve ao lado dos pobres e por isso nos deixou como um dever de todo cristão, cuidar deles também. Se somos seguidores de Cristo, temos que amar o próximo como Cristo amou!
I – A ASCENÇÃO ECONÔMICA E O CUIDADO COM O POBRE
1. A pobreza nas Escrituras
Como acabamos de ver na introdução, o pobre é retratado na Bíblia e ele é destacado por Deus nas antigas leis judaicas, demonstrando assim o seu cuidado. Jesus Cristo, durante o seu ministério terreno, dedicou a maior parte do seu tempo a cuidar dos pobres e aflitos.
Assim como o pecado entrou no mundo provocando toda sorte de coisas ruins, a palavra de Deus também nos ensina sobre a permanência da pobreza (consequência do pecado).
Como na Bíblia já nos diz que sempre haverá pobre na terra (novamente, resultado do pecado e da maldade do coração do homem), nós como Igreja e seguidores de Cristo temos que ajuda-los em suas necessidades.
2. O pobre e o amor ao próximo
No livro de Tiago, aprendemos sobre a verdadeira religião:
De acordo com que Tiago nos ensina, a religião pura, santa e imaculada é suprir a necessidade do próximo: ‘visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações’. O grande problema hoje é que nossa atenção, quase sempre, está voltada para o prazer pessoal e, dessa forma nos esquecemos de cuidar do nosso próximo.
A religião que agrada a Deus é aquela cujos discípulos professam e bendizem o seu nome, visitando e acolhendo os necessitados nas aflições.
A verdadeira fé cristã e a acepção de pessoas são atitudes incompatíveis entre si, e justamente por isso, não podem coexistir na vida de quem aceitou ao Evangelho.
3. Ascensão econômica e desigualdade social
Continuando no ensino do livro de Tiago (Tiago 1.27), além de recomendar a obrigatoriedade de visitarmos os órfãos e as viúvas, ele menciona outro aspecto da verdadeira religião: guardar-se da corrupção do mundo.
Tanto o rico como o pobre carecem da graça de Deus, mas a religião falsa está mergulhada no egoísmo, na corrupção e nos interesses pessoais. O Evangelho nada tem com esses valores e preceitos. Se mesmo com uma melhora na economia, a desigualdade social continua, isso só é resultado do pecado no coração do homem.
Aqui Tiago exorta a igreja para reconhecerem o favoritismo que existe dentro da comunidade cristã: a discriminação social na igreja. Tiago continua a nos ensinar e no versículo 8 do capitulo 2 nos fala para obedecer a ‘lei real’. Esse termo ‘real’ refere-se aquilo que é o mais importante da lei, a sua própria essência. Portanto quem faz acepção de pessoas está quebrando a essência da lei.
II – JUSTIÇA SOCIAL E PROFETISMO
1. Justiça social e igualdade
A palavra “justiça” é derivada do Latim, JUSTITIA, que significa “direito, administração legal”. Esta palavra latina, por sua vez é originária de JUSTUS, “justo”, que tem a origem em JUS, cujo o significado é “correto, lei”.
Biblicamente falando o seu sentido/significado vai depender da palavra utilizada no original grego ou hebraico.
Dessa forma vimos que na Bíblia o conceito de justiça vai de punição ao erro a um aspecto social, envolvendo o cuidado com os pobres e vulneráveis. Para os escritores Elizabeth e Paul Achtemeier, ambos afirmam que tanto no AT como no NT a ‘justiça’ é um conceito de relacionamento e que “aquele que é justo tem correspondido as exigências que lhe foram impostas pelo relacionamento no qual está inserido” (IDB, IV, 80).
É esse conceito de vida justa que devemos ter para refletir o caráter de Deus nas nossas vidas.
2. Profetizando contra as injustiças
O povo de Israel ao sair do Egito precisava se constituir como uma nação. Para isso Deus dá leis aos homens para que haja ordem, decência e justiça no meio do povo. Para que a justiça seja cumprida, Deus elege profetas, reis e juízes. Em todo o período em que o povo ser perdia, os profetas estavam ali para falar das injustiças praticadas pelo povo.
Hoje, vivemos dias parecidos com os dos profetas, onde a exemplo daquela sociedade altamente corrompida e com elevada desigualdade social, os pecados devem ser denunciados. Cabe a igreja profetizar contra as injustiças nas esferas sociais, políticas, religiosas e econômicas. É nesse cenário que o testemunho torna-se o ponto chave do ministério do cristão.
3. Voz profética da Igreja
Se antes tínhamos os profetas que denunciavam as injustiças, hoje esse papel cabe a nós, Igreja do Senhor. É necessário testemunharmos publicamente acerca da justiça de Deus e denunciar todo o tipo de injustiça, anunciando que é preciso arrependimento e restauração.
A Igreja, como a agência do Reino de Deus, não pode perder o seu foco, ou seja, precisa exercer com autoridade e destemor a sua voz profética, porque para isto é que ela existe e está no mundo. Por outro lado, segundo as palavras de Jesus, calar-se ou se esconder debaixo de um alqueire, para que a sua luz não brilhe neste mundo é uma das maiores afrontas a Deus, o que se caracteriza como um ato de indiferença e omissão medíocre, reprovado pelo Mestre.
III – A POLÍTICA ECONÔMICA E A DESIGUALDADE SOCIAL NO BRASIL
1. Desigualdade social no Brasil
As regiões mais afetadas pelos problemas sociais são o Norte e o Nordeste do país, os quais apresentam os piores IDH’s (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil. Pesquisas apontam a diminuição da pobreza e, consequentemente, da desigualdade social nos últimos anos. Entretanto, estima-se que 16 milhões de pessoas ainda permanecem na pobreza extrema.
Segundo a ONU, as principais causas da desigualdade social no Brasil, são:
Se paramos para pensar, será que o Brasil não teria dinheiro o suficiente para acabar com essa desigualdade? Vamos lembrar de alguns desvios de dinheiro no nosso país:
2. Economia na perspectiva cristã
A bíblia em si não fala especificamente sobre economia mas ela oferece uma linha mestra para que a sociedade possa ser livre, próspera e justa. Nela estão descritos princípios e valores morais suficientes para termos um modelo justo e ao mesmo tempo eficaz. Vejamos alguns:
Economia para um cristão é tomar decisões sobre como melhor usar seus recursos limitados a fim de ser um bom mordomo diante de Deus.
3. Assistência e desenvolvimento
Um provérbio chinês nos diz o seguinte: “Dê um peixe a um homem faminto e você o alimentará por um dia. Ensine-o a pescar, e você o estará alimentando pelo resto da vida.”
A ajuda que a igreja deve fazer deve ser de uma maneira construtiva, ou seja, ajudar com sabedoria, para que a pessoa possa ser responsável por ela mesma. Não é dar apenas o peixe, mas sim ensinar a pescar.
Uma pesquisa feita com 10 mil pessoas em 6 países concluiu que o apoio direto somado com ativos produtivos é a melhor forma de superar a armadilha da pobreza. Ao final da pesquisa, viram que o ‘empurrão’ dado contribuiu para que as famílias saíssem da pobreza e caminhassem para a classe média.
Como explica David Platt: “A Escritura não nos chama a salvar os preguiçosos da pobreza. Ao contrário, ela nos chama a servir e a complementar a necessidade do responsável. ”
Que Deus lhe abençoe!
REFERÊNCIAS
Isaias, Eis me aqui, envia-me a mim – Claiton Ivan Pommerening, CPAD, Rio de Janeiro;
Seguidores de Cristo – Testemunhando numa Sociedade em Ruínas – Valmir Nascimento, CPAD, Rio de Janeiro;
https://www.bibliaonline.com.br/acf
https://ibge.gov.br/
Por Rafael Cruz
Postado por ebd-comentada
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