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05/10/2020
Este post é assinado por Eliel Goulart
“Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal”. – Jó 1.1
Quem zela por um caráter irrepreensível obtém testemunho acerca da sua integridade.
Jó 1.1-5
1 – Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal.
2 – E nasceram-lhe sete filhos e três filhas.
3 – E era o seu gado sete mil ovelhas, e três mil camelos, e quinhentas juntas de bois, e quinhentas jumentas; era também muitíssima a gente ao seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do Oriente.
4 – E iam seus filhos e faziam banquetes em casa de cada um no seu dia; e enviavam e convidavam as suas três irmãs a comerem e beberem com eles.
5 – Sucedia, pois, que, tendo decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: Porventura, pecaram meus filhos e blasfemaram de Deus no seu coração. Assim o fazia Jó continuamente.
A paz do Senhor!
Todos os versículos citados são da Almeida Revista e Corrigida. Quando de outra versão, a mesma é mencionada.
Jó 1.1 – “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó…”
A primeira observação da introdução do Livro: Jó era homem. Não um super-homem, ou um super crente de outra natureza inalcançável, mas tão somente era homem semelhante a nós. Fraco, frágil e falível. O que o diferenciava em excelência, dos demais homens, nós veremos detalhadamente no tópico I a seguir.
O que distingue essencialmente um homem piedoso é sua comunhão com o Senhor Deus.
“Cujo nome era Jó” – O nome Jó significa ´que se volta para Deus”. Ele não era judeu, mas um gentio, provavelmente um sírio ou um árabe. E o significado de seu nome está ligado a seu caráter e à sua carreira. A história de Jó o tornou um grande nome. Quando falamos o nome de Jó e o de Judas, conceitos opostos surgem de imediato nas nossas mentes. Qual será o legado de nossos nomes para aqueles que virão depois de nós?
A abertura deste Livro de Jó apresenta-nos o nome, o local de residência, sua piedade e como consequência desta virtude, sua prosperidade material e bem-aventurança familiar.
Jó era um homem próspero. Jó era um homem piedoso. E isto não é contraditório, apesar de raro e muito difícil de vermos. Portanto, Jó era um homem sujeito às mesmas tentações que nós, e ensina-nos que é possível prosperar materialmente e vencer as tentações e seduções das riquezas deste mundo. Sobretudo, nesta Dispensação da Graça, isto é possível em Cristo Jesus.
Jó 1.1 – “Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e este era homem sincero, reto e temente a Deus; e desviava-se do mal”.
A tradução Septuaginta expandiu esta declaração, acrescentando por paráfrase no lugar de tradução, a palavra “verdadeiro”: “Ele era homem verdadeiro, irrepreensível, justo, piedoso, abstendo-se de todas as más ações.”
A Almeida Revista e Corrigida, mais usada pela Assembleia de Deus, usa a tradução ´sincero´. Esta mesma palavra é traduzida por irrepreensível, perfeito, de completa integridade, uma pessoa realmente boa (Tradução Contemporânea), um homem inocente (Padrão Internacional), um homem puro. Maiormente, nas traduções em português, a expressão mais usada é a de ´homem íntegro´.
Quanto ao exterior, Jó era homem, morador da terra de Uz e muito rico. Quanto ao homem interior, registra-se que era, primeiramente, íntegro, depois reto, temente a Deus e que fugia do mal.
No hebraico, ´íntegro´ tem o significado de ´sem culpa, irrepreensível, perfeito, completo´. Geralmente, no sentido moral. Ocorre 14 vezes no Antigo Testamento (Strong).
Íntegro, no sentido de interiormente verdadeiro. Perfeito, não em termos absolutos, porém, na acepção relativa. Ele não era hipócrita. No grego, a palavra ´hipócrita´ é hypokrinomai: os atores gregos usavam uma máscara de cera, para expressarem alegria ou tristeza. Agir como um ator, portanto, era agir com fingimento. Fingir ser quem na realidade não era. Ele não era hipócrita. Jó, porém, era um homem íntegro, sem malícia, sem duplicidade. Não fingia falar uma coisa e, no interior, pensar outra. Era fiel no mais profundo de seu ser. Um homem de simplicidade moral. Hoje diríamos que era um homem sem máscaras.
Reto – hebraico yashar, adjetivo hebraico que significa ´justo, retidão de caráter´. Hoje diríamos que era um homem direito. E ser reto é virtude consequentemente necessária à anterior, a de ser íntegro. Ninguém pode ser interiormente reto se tem uma conduta tortuosa. A integridade do homem interior está em comunhão com a retidão de vida.
Não significa um homem sem pecado. Tão somente não cultivava uma virtude independente de outras. Não seguia uma virtude excluindo outras.
Retidão na conduta é não se desviar nem para a direita e nem para a esquerda, apesar das consequências. Ainda que sofra danos, mantém-se reto.
Temente a Deus – nenhum homem teme a Deus sem ser íntegro e andar em retidão. Temer a Deus é o receio sensível de ofender a Deus de qualquer maneira, seja por ato, por palavra, por pensamento, por intenção ou por omissão. O homem temente a Deus é o piedoso que expressa reverência diante do Todo Poderoso. A consciência pura de quem teme a Deus lhe testifica da justiça do Senhor. O seu homem interior e o homem exterior dependem de Deus de maneira absoluta. A primeira lei que o temente a Deus segue é o da obediência.
Temer a Deus não significa sentir terror cego, que inspira o pânico. É o medo de ofender a Deus elevado pela inteligência espiritual – Colossenses 1.9 – em busca da plena comunhão com o Senhor.
Quem teme a Deus age e vê as coisas sob a perspectiva da Eternidade. A carreira profissional mais elevada, a fama mais barulhenta possível, os bens materiais e prazerosos mais esplêndidos, não tem nenhum valor, nenhum sentido, nenhum significado se não estiverem ligados, desde o nosso coração, ao reconhecimento de Deus e de Sua soberania.
Provérbios 3.6 – “Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”.
Salmo 73.25 – “A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra não há quem eu deseje além de ti”.
“E desviava-se do mal” – evitava, mantinha-se afastado, literalmente ´virar de lado´.
Se a retidão o conduz a andar como que numa linha reta, por extensão, ele não entra por atalhos morais, por caminhos de engano e transgressão, que trazem vergonha, manchas e trevas.
Estas quatro expressões: íntegro, reto, temente a Deus e desviava-se do mal nos conduz ao homem do Salmo 15, lido na Nova Versão Transformadora:
“Senhor, quem pode ter acesso a teu santuário? Quem pode permanecer em teu santo monte?
Quem leva uma vida íntegra e pratica a justiça; quem, de coração, fala a verdade.
Quem não difama os outros, não prejudica o próximo, nem fala mal dos amigos.
Quem despreza os que tem conduta reprovável, e honra os que temem ao Senhor, e cumpre suas promessas mesmo quando é prejudicado.
Quem empresta dinheiro sem visar lucro e não aceita suborno para mentir sobre o inocente. Quem age assim jamais será abalado”.
Pastor Eliel Goulart
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